terça-feira, 11 de abril de 2006

Não sei que título dar...

O dia começou irritado. No caminho do escritório a conversa do pessoal da van era sobre violência. Uma menina de 11 anos havia sido assaltada na lanchonete ao lado da escola. Dois pivetes armados levaram suas coisas e ainda fizeram que ela pagasse o lanche deles (?!). Segundo a horrorizada que contava o caso, os pivetes não têm “pinta” de pivetes e são amigos de alunos do colégio que dão as dicas sobre quem tem ou anda com mais dinheiro, celular legal, iPod, etc. Bom, no dia seguinte, a assaltada pediu para ficar em casa, afinal tinha ficado traumatizada e a família deixou. A coitada foi se distrair na internet e descobriu que no seu Orkut havia scraps “anônimos” ameaçadores sobre “melhor não comentar” e coisas do tipo. Scraps anônimos?!?! Não que eu esteja banalizando o episódio, mas a conversa era totalmente no sense. Cheia de “Ohs!” e “Ais...” e “Minha Nossa!”. A estória do assalto em si encerrou-se com o pai da vítima indo ao colégio, com dois leões de chácara, quer dizer, dois seguranças da estatal onde o dito cidadão trabalhava, e ameaçando acertar as contas com cada um dos alunos olheiros caso a filha volte a ser incomodada. Mas nem esse desfecho patético encerrou o assunto. Falou-se sobre corrupção, delinqüência juvenil, falta de polícia na Tijuca, controle de natalidade (nessa hora todos riram por que o tal “controle de natalidade” não funcionou para o irmão de uma delas que, com 35 anos e separado da mulher, engravidou uma moça numa noitada na semana seguinte!!!). Quase vomitei. “Eu não saio mais de casa. Conheço todos os ‘deliveries’ da cidade!”, disse uma outra com orgulho. “É assim mesmo, minha filha... Somos reféns em nossas próprias casas!” Aaaaargh! Santa Paranóia, Batman! É muita auto-piedade pro meu gosto. Eu nunca torci tanto para que o Alto da Boa vista acabasse tão rápido. Normalmente abstraio tais situações. Ouço a música do rádio, confiro as árvores do caminho, procuro as borboletas azuis da descida do Alto, até tento pensar no que tenho fazer durante o dia. Mas aquelas vozes esganiçadas, de um horror tão dramático quanto às mais tradicionais tramas mexicanas, me incomodaram de tal forma que eu não conseguia me concentrar em nada. Acho que o assalto em si foi o que menos me chocou afinal, há anos estudantes têm seus tênis e mochilas roubados no caminho da escola e nós, classe média hipócrita, insistimos em dar aos assaltantes chamarizes cada vez mais charmosos. Acho que estou cri-cri mesmo. Vocês viram no fantástico os pais que acharam lindos os fotologs semi-eróticos das filhas adolescentes? Não é fofo?

Mudando (sem deixar de ser cri-cri):
Dois dos três advogados de “Suzane von Hitchcock” eram membros do Tribunal de Ética da OAB-SP. Considerando o atual cenário do Judiciário brasileiro com a personalização da Ética no respectivo ministério, já vimos como isso vai acabar, não?
Apenas para referência:
Ética (do Lat. ethica . Gr. Ethiké) s. f., ciência da moral; moral; Filos., disciplina filosófica que tem por objeto de estudo os julgamentos de valor na medida em que estes se relacionam com a distinção entre o bem e o mal.

Ah bom! Achei que era outra coisa...

PS: Não estou cri-cri por estar mal humorada. Tenho estado super bem estes dias, mas esse papinho de hoje... realmente... deixa pra lá....

domingo, 9 de abril de 2006

19 anos

Queria agora saber escrever
Ter o dom da prosa, da poesia, da crônica, da palavra em qualquer essência
Da rima ou da métrica ou da melodia
Estar à altura de todo sentimento que me assola
Queria conseguir escrever tudo o que sinto
Colocar nesta folha de papel
Mas não rabiscar
Tinha que ser belo
Tinha que ser emocionante
Ter o romantismo e a simplicidade e a alegria e a erudição e a emoção e o não precisar escrever porque simplesmente não é preciso

Queria lembrar quando começou
Queria lembrar como começou
Queria parar o tempo
Queria voltar o tempo
Mas quero mesmo é avançar o tempo
E abraçar novamente
E ver e rever todos os rostos
Cada olhar arregalado
Cada surpresa
Cada sorriso aberto
E não saber para onde olhar
E não saber para quem olhar
E querer saber tudo de todo mundo
E sentir tudo de novo
E lembrar que há dezenove anos eu sentia tudo isso sem perceber o quanto era grande e intenso e precioso

Queria que o mundo refletisse essa alegria
Queria transpirar essa inspiração
E mostrar ao mundo que não precisa muito para ser feliz
Basta um aconchego
Basta uma lembrança
Basta uma esperança
Basta um coração cheio de amigos
Amigos como vocês, que compartilham comigo cada aconchego, cada lembrança, cada esperança...