sexta-feira, 28 de outubro de 2005

Saudades

Viajo daqui a pouco para passar o fim de semana entre Santos e São Vicente. Vou reencontrar amigos queridos. A maioria absoluta de companheiros do Clube de Castores da época de plena atividade no movimento. A minoria que não era do clube, mas igualmente querida, por enquanto são a Vanessinha e a Su (que a propósito fez aniversário ontem e não consegui falar com ela!), por exemplo. É isso. Só devo voltar a escrever no início da semana que vem, então aproveito para desejar a todos um ótimo, maravilhoso, sensacional fim de semana.

Bom, deixo também um recado especial. Pro Melzinho, que partiu essa manhã. Que ele viaje em paz. Que sinta nosso carinho e receba nossas orações. Que perceba que todos que conheceram seu sorriso calmo, seu temperamento divertido e tranquilo nunca vão lhe esquecer... Até qualquer dia, Companheiro!

quinta-feira, 27 de outubro de 2005

Santa Ignorância, Batman!

Tô passada. Arrasada... Me sentindo a mais burra das mortais. Faculdade, Pós-Graduação, leituras e mais leituras de textos e mais textos diversos, excelentes e chatíssimos também e sou obrigada hoje a reconhecer minha total e irrestrita ignorância. Mas será que alguém vai me tirar da lama? Será que mais alguém compartilhará esse sentimento tão, tão, tão deprimente?

Seguinte, lá vai minha confissão: eu nunca desconfiei, nunca fiz a menor idéia de Malba Tahan é apenas um pseudônimo! Pior: de um
brasileiro!!!!!! Que vergonha! Sabem o que isso quer dizer? Que apesar de ter lido “O Homem que Calculava” duas vezes eu nunca li o raio da orelhinha do livro!!!

AHHHH!

Nunca vou me perdoar....

Pesquisas e conclusões (mais para divagações)

Essa acabou de passar no JN e diz que o morador de Brasília é brasileiro mais satisfeito com a qualidade de vida oferecida pela sua cidade. O carioca é nono. Dado curioso, considerando as manchetes dos jornais. Esse é um assunto recorrente no meu dia-a-dia. Eu vivo conversando sobre isso. O meu medo de ter que sair do Rio é maior do que o medo da cidade em si. Para mim, seria frustrante e extramente doloroso ter que me mudar da cidade motivada por nada além da vontade ou necessidade de fugir.

Agora, por exemplo, estou lendo
“O Rio é Assim - a crônica de uma cidade (1953-1984)”. Coletânea de crônicas escritas por José Carlos Oliveira e organizadas por Jason Tércio. O livro caiu nas minhas mãos literalmente, presente de um amigo querido. Uma visão apaixonada e apaixonante, refletida em textos escritos pouco depois de o Rio ter deixado de ser capital federal. O mais legal é que essa visão pode ser apaixonada, mas em nenhum momento é deslumbrada ou contemplativa por si só. Muitas vezes ela é dura com a realidade da cidade. Oliveira coloca o dedo fundo nas feridas e chama à responsabilidade a sociedade carioca. É como se a paixão e a objetividade do cronista lhe desse a autoridade para falar das coisas ruins e chamar a atenção de quem quer que fosse para mudar a situação. Pena que os anos passaram, décadas na verdade, e ninguém o ouviu. O livro é praticamente uma profecia. Se ignorarmos as datas assinaladas ao final de cada texto, podemos dizer que eles foram escritos na semana passada.

Como está escrito ali no perfil ao lado, detesto sentir-me impotente. Faço minha parte pela cidade. Coisas absurdas até, como ir de metrô mesmo que seja mais demorado pelo simples fato de ser menos poluente (essa é simples informação que cultivo na minha cabecinha, sem pesquisas mais profundas; se for falsa alguém me avise, sim?) até coisas simples e cotidianas, como enfiar papeizinhos de bala no bolso do jeans a jogá-los no chão. Mas minha impotência revela-se implacável quando vejo tanta anti-cidadania nas ruas e má vontade política nos palácios. Bate uma desesperança sem fim. Segundos os pesquisadores (que fizeram a tal pesquisa que citei lá no começo), as conclusões serão muito úteis para os governos identificarem as reais necessidades dos cidadãos. Ai vem minha Hardy particular, aquela, fruto da desesperança que por vezes me assola, e diz que é mais muito fácil ouvir S.Maia e D.Garotinha dizendo “ah, não estamos assim tão ruim, afinal somos o nono lugar!” do que “vamos fazer um trabalho sério e levar a satisfação do carioca ao primeiro lugar entre os brasileiros!”.

Para não terminar de baixo astral, resta-me dizer que o antídoto para sumir com a Hardy nessas horas é mais que óbvio e, desculpem o exagero pleonástico (se é que existe essa expressão): simplesmente simples demais: Rio de janeiro puro. Na veia. Lagoa, praia, Lapa, Urca, quadra da Mangueira (ou da Portela, ou do Salgueiro...), Corcovado, Santa Tereza, CCBB, MAM, sei lá... Qualquer pedacinho vale como overdose. E meu pacto de total e irrestrita fidelidade é reafirmado.

Coisa de Cinema

O papo é velho, a notícia já deve até ter virado embrulho de peixe, mas que ainda espanta até os mais ferrenhos teóricos das conspirações mundo afora, ah, espanta:

"O embaixador é encarregado pessoalmente pelo seu Presidente de apresentar provas de que um país inimigo realiza operações suspeitas. Patriota e dedicado ao exercício de sua profissão, o embaixador trabalha arduamente no levantamento das informações necessárias à missão. O insucesso no avanço da investigação, o leva a perceber que existe a possibilidade de tais argumentos não passarem de boatos. O tempo se esgota para o embaixador e seu relatório conclui o óbvio: suspeitas não comprováveis. O Presidente revolta-se. Ele acreditava que seria simples obter tais provas. Tinha o Embaixador como um aliado e esperava mesmo que o Embaixador as fornecesse a qualquer preço. Ele não deve ter se esforçado. Que forjasse as provas se fosse necessário. Ele não acreditava no que lia. Não lhe interessava se tais suspeitas eram infundadas. Ele queria aquela guerra. Ele precisava daquela guerra. O embaixador iria descobrir cometeu um erro.

No outro lado da cidade, o telefone toca na mesa da repórter, uma profissional dedicada, cuja reputação lhe imputa a mais alta credibilidade. Experiente na cobertura de assuntos governamentais, ela mal acredita no furo que está prestes a lhe render a reportagem de sua vida: a identidade de uma agente secreta. Espiã. E o melhor, esposa com um embaixador. Seu país é o berço da liberdade. Contando com isso ela não hesita em elaborar a matéria. Uma vez que a identidade da espiã lhe foi dada de bandeja, levantar todo o currículo da agente foi a tarefa mais fácil. A repórter conseguiu o elo que faltava a vários episódios até então misteriosos. Casos onde sempre faltava uma peça. Na manhã em que o país foi inundado com as fotos do casal, embaixador e espião na primeira página, a repórter acordava com a mais pura sensação de missão cumprida. Levantou-se preguiçosamente, ligou a cafeteira e dirigiu-se a porta para admirar sua obra-prima: a primeira-página. Ao abaixar-se, o susto. Ela havia interferido em assuntos de segurança nacional. Policiais a levam imediatamente para prestar esclarecimentos. Deveria informar como obtivera todas aquelas informações. Ética, negou-se veemente. Confiava no seu país. Acreditava na sua profissão. Não fizera nada errado. Não iria trair sua fonte.

A investigação não cessaria enquanto não atingisse seu objetivo e ela permaneceria presa enquanto se negasse a esclarecer o mistério do vazamento das informações. Seu inferno durou 80 dias, quando foi autorizada a revelar sua fonte: o chefe de gabinete da Vice-Presidência. O motivo: vingança..."


Coisa de cinema? Não, não, não!

terça-feira, 25 de outubro de 2005

Bye Rosa

Have a nice trip....

Mais sobre Rosa Parks no post excelente do Luz de Luma.

3 dias

Imaginem a seguinte linha do tempo:
Dia 1 - Uma pessoa do seu círculo de amizades sente-se mal, dirige-se ao médico e este lhe conta que ela tem um caroço no abdômem.
Dia 2 - Ela vai a outro médico e este indica que ela está grávida. Assustada ela não te conta nada por enquanto.
Dia 5 - Ela passa mal, recusa os medicamentos que a família tenta fazê-la tomar e ao chegar ao hospital é encaminhada diretamente à sala de parto por que já está com contrações!


Surreal? Claro que não!

Jogadora de basquete dá à luz três dias após descobrir gravidez
Globo Online
Clic
RBS
EFE

SÃO CAETANO DO SUL - A ala Sílvia Cristina, jogadora de 23 anos do São Caetano e da seleção brasileira de basquete, teve sua vida alterada em uma semana. Há dez dias, ela disputava a final dos Jogos Abertos do Interior pelo São Caetano. Terça-feira passada, descobriu que estava grávida. Quinta-feira, deu à luz prematuramente, aos sete meses de gestação.

Após a decisão dos Jogos Abertos, em que seu time foi campeão, ela não se sentiu bem e procurou um médico. Examinada, foi encontrado o que se acreditava ser um caroço na sua barriga. Assustada, Silvia procurou um médico conhecido de Americana, que identificou o 'caroço' como um bebê.

- Nunca imaginei que estivesse grávida. Não tive enjôo nenhum e também não senti desejo. A única coisa diferente é que estava um pouco acima do peso, mas achei que fosse pela comida. Sempre comi muito - disse à Folha de São Paulo a atleta, que foi reserva da seleção brasileira na Olimpíada de Atenas, em 2004.

Como toma anticoncepcionais ininterruptamente, Sílvia já não menstrua há algum tempo. Quando se apresentou à seleção brasileira para disputar amistosos e a Copa América, a ala foi submetida a uma bateria de testes, mas nenhum detectou a gravidez.

- Na terça-feira passada, fui informada de que estava grávida. Quarta, fiz exames que confirmaram a gravidez. E na quinta, tive o bebê. Acordei com dores e meu irmão quis me dar um remédio. Recusei porque ainda não tinha contado nada a ninguém. Quando cheguei ao hospital já estava com contrações - contou ela.

Luis Fernando nasceu prematuro, com 31 cm e pouco mais de 1 kg. O bebê continua internado, fora de perigo mas ainda na incubadora, necessitando de atenção especial. Silvia Cristina revelou que engravidou quando jogava em Portugal, pelo clube Barrero. Segundo a jogadora, o pai da criança, com quem ela não é casada, soube que teve um filho dias após o parto. Silvia afirmou que ele 'está muito feliz'.

segunda-feira, 24 de outubro de 2005

Agora foi

Pergunta: você sabe quando percebe que está realmente envelhecendo? Fácil: quando sua irmã caçula faz 30 anos. Hoje, eu me sinto definitiva e realmente envelhecendo. Minha querida irmãzinha entra hoje para o doce hall das balzacas. Agora somos duas mulheres feitas. Durante minha infância e adolescência, tinha a nítida impressão de que falar de alguém que tinha 30 anos era falar de um adulto nesse sentido: homens e mulheres feitos. Agora vejo a Vivi cuidando com experiência de seu terceiro filho. Minha irmãzinha caçula, vocês sabem o que é isso? A firmeza para segurá-lo, dar banho, identificar seu choro, e sabe-se lá mais o quê. Ao mesmo tempo me lembro de quando andávamos de bicicleta seguindo um "mini-circuito" em forma de 8 ao redor das duas árvores que tínhamos quintal da casa onde nascemos na Vila Rosali. Da piscina nos fundos. Da beliche do nosso quarto. Da sua foto de maria-chiquinha na casinha de bonecas do Santa Maria. Do seu rostinho enfezado quando estava fantasiada de Emília para uma festa da escola. Das bolsas repletas de panelinhas e joguinhos de "chicrinhas e pirezinhos" que espalhávamos no chão da sala. Dos concursos de Miss com nossa bonecas (e das discussões para saber quem ia ficar com a Miss Venezuela, porque essa sempre ganhava). Dos natais na casa da Tia Dirce. Dos carnavais que saíamos com fantasias iguais da casa da Tia Dinéa. De como ela ficava linda de princesa da quadrilha. Da sua fase metaleira. De como ela brilhava dançando nos Camponeses. Das brigas (nossa, quantas brigas), mas incrivelmente de poucas eu me lembro o motivo.

E aqui estamos nós. De duas crianças, uma moreninha de olho verde e uma branquinha de olho azul, a duas mulheres, uma ruiva e uma loira. Com suas próprias experiências. Suas próprias estórias. Distanciadas pelo cotidiano e mais unidas que nunca. Tentando passar aos pequenos um pouquinho da alegria de nossa própria infância. Feliz aniversário, Vi! Seja feliz sempre e conte comigo todos os dias!

Como eu disse, nada muda...

Acordei com a chuva bem antes do despertador. Muita chuva. Muitos trovões. Assustador. Poucas vezes me peguei utilizando a palavra tempestade para me referir à chuva. Pensei: isso sim é uma tempestade. Pensei também, ainda deitada, que nem adiantava me levantar, porque provavelmente não haveria como sair de casa. Resisti a tal reflexão profunda e tentadora e me dirigi ao chuveiro. Quando desci vi que o subsolo do prédio estava alagado quase até o segundo degrau da escada. Os funcionários estavam tentando bombear a água pra rua. Na rua, a pista da Conde de Bonfim que vai em direção ao Centro estava completamente parada. Curiosamente a pista de subida para a Usina também. Vinte minutos na porta do prédio e os mesmos carros à minha frente, resolvi telefonar. Tudo bem, se os celulares estivessem funcionando. Optei por voltar para casa. Ao sair do elevador um rato enorme me fez dar um berro e fechar a porta correndo. Voltei pro térreo pra chamar o zelador que, é claro, já tinha ouvido o meu grito. Ele (o rato, não o zelador) sumiu. Espero que não tenha entrado no meu apartamento. Ele era suficientemente grande para não poder passar por baixo de uma porta (espero). De qualquer forma, fiz algumas ligações, catei notícias na web, e estou calmamente escrevendo e nem sinal do famigerado roedor. Não sei quando vou conseguir sair de casa. Parece que caíram barreiras na São Miguel e no Alto. Não consegui descobrir como está o Itanhangá. Vai ser um longo dia...

Tento, tento, mas não entendo

O que é de verdade o tal “bem sofrer”?
Quando é pra usar sofisma e quando é pra usar dialética?
Por que todo mundo que eu conheço que fez teste para descobrir suas vidas passadas ou foi nobre ou um grande guerreiro/aventureiro?
Por que não fazem uma sessão eleitoral com infraestrutura para que se concentrem nela os deficientes físicos de uma determinada região?
Por que, afinal, o comércio das armas veio à referendo?
Qual foi a intenção do cocadaboa.com ao inventar o trote do xaxim?
Como alguns torcedores podem simplesmente gostar de vandalizar, agredir e matar e ainda achar que estão certos só porque “neguinho é vacilão”?
Por que eu gosto tanto de carne moída?
O que tem de tão divertido em comprar um DVD pirata e arriscar estourar o player?
Por que ninguém tá nem aí pra tal base americana no Paraguai?
Meu saudosismo é saudável?
O Hotel de 1 Milhão de dólares é pra ter algum sentido?
Por que meu sofá é tão “magnético”?
Por que algumas mães ficam tão terrivelmente mal-educadas durante festas de aniversário de crianças?
Por que eu não consigo usar uma agenda decentemente?
Por que o Wandinho apagou as fotos da minha máquina quando foi baixá-las pro seu PC?
Por que eu não consigo dormir?

Tô cansada para linkar os assuntos.... Desolée, fica pra próxima...

domingo, 23 de outubro de 2005

Quase tudo em Simas

As armas e munições continuarão a ser comercializadas (salve a democracia!). Os deputados de Rondônia continuarão deputados. O Maluf continuará a bancar o doido. As CPIs continuarão CPIs e seguirão empatando a pauta do congresso. Mas o Tudo em Simas! mudou. E para muito melhor, não acham?

É isso! Template novo, personalizadíssimo, graças à paciência, disponibilidade e (muita) boa vontade da ReB. Ainda falta eu me entender com a codificação. Não sei vocês percebem mas existem um "pequeno" defeito na acentuação dos posts passados e não consigo achar onde consertar esse inconveniente. Mas eu gostei muito dessa casa nova. Bem colorida, bastante a ver comigo. Quem sabe eu não fico até mais inspirada!
Atualização: Problema sanado! Mais uma vez: Serginho, não sei o que seria de mim sem você...

sexta-feira, 21 de outubro de 2005

Problema maior que o SIM ou NÃO

Não consigo achar meu Título...
Santa Democracia, Batman!

Viva a Língua Portuguesa!

Recebi este texto por email, atribuído a uma aluna do curso de Letras da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco):

"Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador. Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. E o artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas comum maravilhoso predicado nominal. Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanático por leituras e filmes ortográficos.

O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a se insinuar, a perguntar, a conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice. De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a se movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar dosubstantivo. Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seu aposto. Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo umafonética clássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram conversando, sentados num vocativo, quando ele começou outra vez a se insinuar. Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo direto. Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seu ditongo crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples passaria entre os dois.

Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula. Ele não perdeu o ritmo e sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros. Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessa próclise, e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta. Estavam na posição de primeira e segunda pessoas do singular, ela era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular. Nisso a porta abriu repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois, que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções eexclamativas. Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu particípio na história. Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma metáfora por todo o edifício. O verbo auxiliar se entusiasmou, e mostrou o seu adjunto adnominal. Que loucura, minha gente. Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo absoluto. Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado para seus objetos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo claramente uma mesóclise-a-trois. Só que as condições eram estas: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio do substantivo, e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino. O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depois dessa, pensando em seu infinitivo,resolveu colocar um ponto final na história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva."

quarta-feira, 12 de outubro de 2005

O Haver

Vinícius de Moraes

Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura
Essa intimidade perfeita com o silêncio
Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo
– Perdoai-os! porque eles não têm culpa de ter nascido...

Resta esse antigo respeito pela noite, esse falar baixo
Essa mão que tateia antes de ter, esse medo
De ferir tocando, essa forte mão de homem
Cheia de mansidão para com tudo quanto existe.

Resta essa imobilidade, essa economia de gestos
Essa inércia cada vez maior diante do Infinito
Essa gagueira infantil de quem quer exprimir o inexprimível
Essa irredutível recusa à poesia não vivida.

Resta essa comunhão com os sons, esse sentimento
Da matéria em repouso, essa angústia da simultaneidade
Do tempo, essa lenta decomposição poética
Em busca de uma só vida, uma só morte, um só Vinicius.

Resta esse coração queimando como um círio
Numa catedral em ruínas, essa tristeza
Diante do cotidiano; ou essa súbita alegria
Ao ouvir passos na noite que se perdem sem história...

Resta essa vontade de chorar diante da beleza
Essa cólera em face da injustiça e do mal-entendido
Essa imensa piedade de si mesmo, essa imensa
Piedade de si mesmo e de sua força inútil.

Resta esse sentimento de infância subitamente desentranhado
De pequenos absurdos, essa capacidade
De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil
E essa coragem para comprometer-se sem necessidade.

Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza
De quem sabe que tudo já foi como será no vir-a-ser
E ao mesmo tempo essa vontade de servir, essa
Contemporaneidade com o amanhã dos que não tiveram ontem nem hoje.

Resta essa faculdade incoercível de sonhar
De transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade
De aceitá-la tal como é, e essa visão
Ampla dos acontecimentos, e essa impressionante

E desnecessária presciência, e essa memória anterior
De mundos inexistentes, e esse heroísmo
Estático, e essa pequenina luz indecifrável
A que às vezes os poetas dão o nome de esperança.

Resta esse desejo de sentir-se igual a todos
De refletir-se em olhares sem curiosidade e sem memória
Resta essa pobreza intrínseca, essa vaidade
De não querer ser príncipe senão do seu reino.

Resta esse diálogo cotidiano com a morte, essa curiosidade
Pelo momento a vir, quando, apressada
Ela virá me entreabrir a porta como uma velha amante
Mas recuará em véus ao ver-me junto à bem-amada...

Resta esse constante esforço para caminhar dentro do labirinto
Esse eterno levantar-se depois de cada queda
Essa busca de equilíbrio no fio da navalha
Essa terrível coragem diante do grande medo, e esse medo
Infantil de ter pequenas coragens.

15.04.1962 in Poesia completa e prosa: "Poesias coligidas"

Força meu Amigo!
Você não está sozinho...
Nunca vai estar...

A-DO-REI!!!!

Desejo profundamente que essa edição se esgote nas bancas e seja um marco no jornalismo! Nem li ainda, mas só a capa (e o destaque para o "Só você") vale o risco.

terça-feira, 11 de outubro de 2005

Interessare

Clicando sem querer no "next" que tem ali em cima à direita, fui para sem querer aqui. Pelo que entendi, é o blog de um italiano que mora na Califórnia. Muito legais as imagens que ele garimpou da web:




Fantásticas! Tipo de criatividade que eu odeio (ou como diria a ReB, "não aceito, não aceito, não aceito...") não possuir nem um tiquinho assim ó.....

domingo, 9 de outubro de 2005

Rankings

Confesso: adoro programas tipo Ranking. Não sei dizer o porquê. Assistia freqüentemente o Rank, do E! Entertainment Television. Como não tenho mais TVA, me contento com o Top Top da MTV brasileira. Contentar-me não é bem a expressão certa porque adoro as justificativas e os comentários super-hiper-mega venenosos dos apresentadores Léo Madeira e Marina Person. Dia desses eles rankearam o que chamaram de: músicas que por qualquer motivo são horríveis mas todo mundo gosta (principalmente aquelas que dá muita vergonha de assumir). Resumindo: é ruim, mas é ótimo! E não é que – com raríssimas exceções – eu tive que dar a mão à palmatória? Que listinha safada essa!

10º. Dancing Queen – ABBA
9º. Patience – Guns n' Roses
8º. Live to tell – Madonna
7º. Crazy – Aerosmith
6º. Total Eclipse of the Heart – Bonnie Tyler
5º. With a little help from my friends – Joe Cocker
4º. Candy – Iggy Pop
3º. We are the world – USA for Africa
2º. Hotel California – Eagles
1º. I'll be there for you – Bon Jovi

No lugar dos produtores (e desconsiderando as justificativas) eu trocaria Live to tell por Crazy for you e Crazy por I don’t want to miss a thing. Talvez tirasse With a little help from my friends e a trocaria, vejamos, por Ain't No Mountain High Enough nada hipponga, mas, sabe como é, é que eu gosto mesmo...

Inspirada nessa lista e na grande descoberta de ontem (que existe gente boa que também gosta de Air Supply e Biafra) resolvi investir na tentativa de montar minha própria lista com hits nacionais de todos os tempos. Assim surgiu a

Top 10 Tudo em Simas!: Gosto sim, e daí?

10º. Noite do Prazer – Brilho
Todo mundo diz já enjoou dessa música, mas não conheço ninguém que fique parado quando um DJ apela para o hit maior do Cláudio Zoli no fim da festa. Sem contar que tem o lance da letra errada mais famosa do país: “trocando de biquini sem parar...

9º. Nosso Sonho – Claudinho e Buchecha
Da época em que Funk ainda era um ritmo dançante para os anti-funkistas menos radicais como eu. É bonitinha, ingênua, fofa e eu ficava frustrada por não saber de cor a lista das comunidades do final da letra.

8º. Fio de cabelo – Chitãozinho e Xororó
Representante maior da fossa sertaneja com alguma classe que me faz esganiçar a voz e cantar o refrão junto (quando estou sozinha, claro!).

7º. Ovelha Negra – Rita Lee
Na lista porque é presença garantida em toda sessão de videokê (e a única nota 99 que já ganhei da maquininha).

6º. Sonho de Ícaro – Biafra
Do repertório do Biafra eu selecionaria Rua Ramalhete, mas não dá pra negar que Sonho de Ícaro é muito mais fácil de ouvir numa sexta ou sábado qualquer com coro do bar inteiro balançando as cabecinhas de lado pro outro.... Que lindo!

5º. O Universo no teu corpo – Taiguara
Pra escutar tomando um porre e filosofar na mesa do bar! Não tem coisa melhor.

4º. Demônio Colorido – Sandra de Sá
Gosto muito! Primeiro por que adoro músicas com essa coisa de posse, tipo Como eu quero e Só pro meu prazer e segundo, porque tenho olhos verdes, oras!

3º. Coração Selvagem – Belchior
Muita gente diria que numa lista dessas deveria entrar Medo de avião, Paralelas ou Apenas um rapaz latino-americano. Mas presta atenção: “Meu bem, guarde uma frase pra mim dentro da sua canção / Esconda um beijo pra mim, sob as dobras do blusão / Eu quero um gole de cerveja do seu copo, no seu colo e nesse bar” é lindo demais, não é?

2º. Dona – Roupa Nova
Fala sério! Qualquer um com mais de 25 anos, quando escuta seus primeiros acordes, com certeza se lembra da Viúva Porcina e automaticamente balança a cabeça na parte que diz: “tan-tan-tan batendo à porta, não precisa ver quem é”. (Meu pai que dê mole com o DVD pra ver o que é bom....)

1º. Sonhos – Peninha
Peninha, um dos reis do brega! É claro que ele tem que estar numa lista dessas. Foi difícil decidir entre Sonhos e Sozinho – a propósito, ambas regravadas por Caetano – mas Sonhos, vocês têm que concordar, é O Clássico da dor de corno. A campeã Tudo em Simas! no conceito “é ruim mas é bom demais!”

Pronto, chega de confissões por hoje. Minha jugular já está por demais exposta... Amem-me ou deixem-me!

sábado, 8 de outubro de 2005

Copiei...

"Cuidado garoto, eu sou perigosa!!!!"

Cybernetic Lifelike Android Used for Dangerous Infiltration and Assassination

Esperava uma coisa diferente mas... O olho podia ser verde, pelo menos...
Copiei dela (pra variar). Licença e beijinho, Giu!

terça-feira, 4 de outubro de 2005

Aviso

A praga dos spams chegou aos blogs. Na verdade já tem um tempinho. Hoje, fuçando as configs, descobri que existe a opção de ativar um mecanismo de digitação de imagem para publicar comments. Teoricamente tal mecanismo garante (pelo menos por enquanto) que quem está postando o comentário é uma pessoa de fato (assim espero!). Por tanto não estranhem e não deixem de comentar, ok?

ET... telefone... minha casa...

Em tempos de associação para dominar o espaço, só agora lembrei de dizer: ainda não enjoei do Google Earth! Agora descobri que dá pra copy & paste aqui...

[no picture anymore]

Ói eu aí, ó! A 1,5 Km do maraca!

Atualização: passou o surto....

segunda-feira, 3 de outubro de 2005

Ter ou não ter

Nunca estive tão na dúvida quando estou hoje às vésperas do referendo sobre a proibição da venda de armas e munição. Continuo achando que essa batata quente foi jogada na nossa mão assim, muito displicentemente. Aceito os argumentos dos dois lados. Não me vejo do direito de acabar com o direito de escolha de outros. Mas também não me sinto confortável em temer qualquer discussão de bar, trânsito ou futebol porque um louco alucinado pode sacar uma arma a qualquer momento. Não me sinto capaz de decidir. E tenho visto muita gente decidindo pela emoção. Espero que no fim dê certo.

Que segredos?

Quase acabando de ler o Dossiê Brasília: Os Segredos dos Presidentes. A leitura não mudou nenhuma opinião sobre os respectivos entrevistados. E não foi porque eu não estava com a “mente aberta”. Simplesmente porque nenhum me surpreendeu. Sarney, burocrático; Collor, evasivo e defensivo; Itamar, excêntrico; e Fernando Henrique, acadêmico. Lugar comum: “Ser presidente não é fácil. Fiz o melhor que pude, dentro das condições que eu tinha.” Todos consideram Getúlio o melhor presidente (entre outros, “se formos considerar as condições da época de cada um”, claro). Todos acham que ainda é cedo para publicar suas memórias (muitos envolvidos e/ou citados ainda estão vivos). Mesmo assim, acho que a leitura valeu a pena. Não é sempre que temos depoimentos de presidentes que ainda estão vivos pra dizer, se for o caso, “não foi bem isso que eu disse”.

Primeiras Impressões

Nada a ver

E Bike-Boy em sua primeira fala: “Já é!”. Credo!
E A coreografia da primeira luta da super tough Diana Bullock. Dá pra ensaiar mais, não?

Tudo a ver

E Animações: abertura à la Playmobil e o Flash Back da infância de Ben Silver que fugiu totalmente do padrão.
E Trilha sonora que conseguiu situar o Zé Ramalho no tempo e no espaço.
E Produção de arte, direção de arte, cenografia, figurino ou seja lá qual for o nome da equipe que não ficou devendo nadinha a nenhuma produção internacional.
E Billy the Kid e Jesse James querendo sossego vestidos de mulher!
E Zorro e Tonto saudosistas (adoro saudosistas, por que será?).
E A postura do Xerife e de John Wayne no duelo que estavam perfeitas.
E O
site da novela que é simplesmente divertidíssimo!
E Latorraca que vale a pena, sempre!
E Guilherme Fontes de estelionatário que... deixa pra lá.

Ou seja, muito no início acho que o saldo é bastante positivo. Vamos ver. Estereótipos a parte, precisamos nos divertir, não é mesmo?