segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Milagre

Caro Jon,

Encontrei um moço bem parecido com você no último sábado e por conta disso, desde então, tenho pensado bastante em você. Já há mais de um que não nos vemos e sua amiga aqui está morrendo de saudades!

Tenho estado muito fechada, introspectiva até demais ultimamente e sei que, como você sempre faz ao me ver assim, você vai insistir em descobrir meus pensamentos. Já posso lhe adiantar, meu querido, que repetirei a resposta que você já conhece. Sigo sentindo o peso do mundo em minhas costas e desta vez aliada à desesperança de pensar que, mais uma vez quando parece que tudo via se ajeitar, algo me joga de volta ao fundo do poço. Sim, meu amigo, certamente é mais uma de minhas paranoias, de minhas pirações. Sinto-me cada vez mais louca nesse mundo injusto no qual somos obrigados a fincar os pés na realidade e deixar os sonhos de lado. Me consterna admitir que não ouso mais, que não sonho mais, que não posso ou não quero mais tentar tocar o céu porque a dura verdade da vida é que ele só é atingível para os pássaros ou para as estrelas, e que a única forma que temos de voar é libertando o espírito. Mas não me vejo mais capaz disso. Estou cética. Mais do que nunca. Por mais dolorosa que seja, agora eu só queria as verdades que tanto me prometem. Por ora, só vejo as mentiras. E mentiras me cansam...

Não quero ser forte. Não vou ser forte. Quero ser resgatada, libertada, salva. Nos meus sonhos, seria algo arrebatador, brilhante e divino como um anjo. E parece que posso lhe ouvir me repreender ao ler estas palavras tolas: "não existem anjos por aqui, minha querida; seria uma boa briga, mas eles preferiram cair na estrada ontem à noite". Mas você me conhece bem e sabe que eu sou assim, nego o romance com todas as forças mas no fundo sou uma refém dos heróis de carne e osso. Um imã para aqueles que, como eu, tem planos gigantescos e muito pouca praticidade ou para aqueles que tem a suficiente má sorte de se achar na beira de rio e do nada se perceber no meio do mar revolto.

Sei, meu amigo, que você já passou por muita coisa e te admiro muito por isso. Sei que faço drama frente aos sufocos da vida real mas esta sou eu e você sabe. E preciso de você por perto, me olhando nos olhos, me mostrando que é possível seguir adiante e lutar com orgulho e sem arrependimentos pelo que se acredita.

Você é o meu anjo, meu querido, e preciso de você hoje mais do que nunca. Acho que cabe a você  operar esse tal milagre já que meus anjos salvadores por um motivo ou outro me abandonam ou abandonaram. Mas com você é diferente. Você traz a ordem de volta ao meu mundo, deixa tudo no seu devido lugar e nunca, nunca me decepciona. Mesmo quando estamos no limite, na beira do precipício ou no caminho da represa que está prestes e estourar, você sempre sabe que eu preciso de você e você está comigo. Mas agora só mesmo um milagre porque meu coração está arrasado e minha consciência me tortura me obrigando a enfrentar o que é preciso. Eu sou fraca, e não sei o que fazer. Sigo conselhos do mundo e eles estão escritos na areia, mas a maré está enchendo. Só mesmo com um milagre.





2 comentários:

Marcilio Estefânio Araujo disse...

A vida é mesmo muito difícil. Talvez a vida nem tanto, mas as pessoas. As pessoas sim, essas são difíceis. Nós todos queremos sempre algo que quando alcançamos, de imediato, fica em segundo plano. Para onde vamos? Onde mesmo queremos chegar?

Abaixo deixo um pequeno "palpite" sobre o que penso.

A esperança é a última que morre

Um dia eu quero ficar rico o suficiente para não ter que ter dinheiro, nem carro, nem casa, nem nada. Quero apenas um lugar para me alimentar, dormir, fazer amor com minha esposa e receber, sempre em clima festivo, as pessoas que eu mais amo e que me fazem bem. Um lugar em que eu possa contemplar tranquilamente o mar e ainda possa escutar o barulho das ondas, ao dormir e ao me acordar. Um lugar onde eu possa, sem correria, admirar o burburinho que vem da natureza. Um lugar onde não seja necessário ter pressa. Tô me achando lento demais para a velocidade que vida moderna exige. O mundo anda muito apressado, agitado. As pessoas tem pressa disso, pressa daquilo. As cidades com cada vez mais gente. Homens, mulheres e crianças pra lá e pra cá. Caminhões, carros, motos e transtornos em excesso. Uma necessidade que nunca cessa de vitórias e sucessos. E se eu não for o vencedor que o mundo espera? Quantas e quantas vezes o mundo acbaria e não acabou? O que houve de diferente no dia 11/11/11? As pessoas não pararam para prestar atenção no que realmente importa, no que de fato, deve-se dar valor. Por isso eu gostaria sim, de um bom lugar que inspire em mim, muito mais amor e me faça uma pessoa melhor, um homem mais companheiro. Uma pessoa sem nenhum estresse. Eu já gritei com pessoas que eu amo e que são importantes demais na minha vida. Já falei pelas costas, critiquei e julguei. Mas me arrependi. Não, eu não sou perfeito. Claro que não. Aliás, longe disso. Quem me dera! E não culpo o mundo por eu não ser melhor. A culpa é minha, apenas minha. O que acontece é que eu não sou rico o suficiente, não para me livrar de todos esses males, de todos esses meus vícios, de todos os meus pecados, de toda minha cólera e de todo meu fanatismo e egoísmo. Um dia, quem sabe, eu serei rico de verdade. Muito rico mesmo. Que Deus me ajude! Afinal, a esperança é a última que morre.

Texto do Senzala Moderna

Link: http://senzalamoderna.blogspot.com/2011/11/com-que-roupa-e-com-que-humor.html

Jair de Jesus disse...

Olá Cláudia!
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Abraço!