domingo, 23 de novembro de 2008

Sai Encosto!

Quando reeditei o template do TdS em junho deste ano, minha intenção era realmente reabitar o espaço. Avivá-lo e trazer de volta ao cyberespaço os comentários e pensamentos desta mente avoada (santo antagonismo, Batman!). Pois é. Mas a inspiração que é boa não veio. Deixei vídeos, imagens e algumas muitas frases soltas que fui tentada a compartilhar, mas nada de muito complexo. Esta semana, lendo o Le Monde Diplomatique de novembro – coisa que não faço há tempos – eu tive a grata surpresa de encontrar um artigo que remete à minha inércia literária. Nos dois sentidos: ler e escrever.

Renata Miloni escreve em “Quando a literatura se despede de suas histórias” que meu caso não é isolado. Primeiro porque é mais fácil ver que ler. Segundo porque a ficção no audiovisual tende a ter mais atrativos do que no papel frio. Terceiro, os autores e críticos literários insistem em pensar que literatura não é para qualquer um enquanto os roteiristas (também chamados por Renata de autores) escrevem suas histórias para qualquer um. Um outro fator citado por Renata e do qual eu discordo um bocado é o fato de que na TV ficamos com o gostinho de quero mais característico dos seriados, argumento que ela embasa citando a série Harry Potter. Discordo porque não lemos um livro em uma hora, que é o tempo bruto de um episódio na TV. Fica sim o gostinho de querer saber logo o que vai acontecer. Mas o que me impressionou nesse artigo foi a afirmação de que o escritor brasileiro se apega ao sofrimento para escrever. Pior, apega-se à apenas uma forma de sofrimento, ignorando nuances e uma variedade de temas para fazer de sua obra um “samba de uma nota só”.

Voltando ao meu cotidiano, não tenho lido nada. No jornal, apenas esportes e a coluna do Ancelmo. O último livro que li foi “Travessuras da Menina Má” de Mario Vargas Llosa. Apesar de ter gostado muito do livro, demorei séculos para terminá-lo. Que vergonha! Quando fico em casa, me prostro em frente à TV e lá fico absorvendo uma infinidade de filmes e seriados, em sua grande maioria repetidos. Não estou com paciência para novidades. Navego um pouco, mas logo perco a paciência. Assim absorvo o pouco tempo que tenho para ler. Mais alienada, impossível.

Escrever então, nem se fala. Antigamente – e basta visitar os arquivos do blog para comprovar – era fácil falar e escrever sobre a maioria dos assuntos. Mas como já repeti zilhões de vezes, escrever para mim é um exercício. E meus neurônios estão atrofiados. Tenho estado bastante desestimulada – pelos motivos errados, eu sei. Só que tal motivo me serve de "desculpa esfarrapada" e não consigo resolver este imbróglio aqui, na minha cabecinha e, assim, essa "desculpa esfarrapada" continua servindo de verdade. Quanto ao apego ao sofrimento, definitivamente não serve para mim. Preciso de tranqüilidade e bom humor para escrever sobre coisas variadas, algumas até sofridas, mas de preferência coisas leves. Uma ligeira mudança em minha vida provocou uma brisa de ar fresco e acho que não devo deixá-la – a brisa – passar (o que quer que aconteça com relação a esta novidade não está no meu controle, mas me deu um “quê” de inspiração e decidi não desperdiçar). Estou aqui hoje, para espantar este desestímulo, esse fantasma em forma de “desculpa esfarrapada” na marra. Sai, encosto! E vamos ver no que dá. Assim, depois de um suspiro profundo e confortador, posso dizer-lhes “até breve”.


Imagem original aqui.

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