Sambista que sou, eu adoro carnaval. E estou feliz da vida com a retomada do carnaval de rua carioca. A palavra retomada reflete bem o que quero dizer porque me refiro a vários aspectos do clima que assola a cidade neste período. Gosto de ver gente na rua, a qualquer hora do dia ou da noite. Gosto de ver gente simpática na rua, ‘brincando’ o carnaval e ‘brincando’ umas com as outras, como amigos de infância. Gosto de gente fantasiada, seja esta improvisada na última hora ou cuidadosamente elaborada nas últimas semanas. Gosto da música no ar e da batucada em cada esquina. Gosto da variedade de opções em todo canto da cidade.
Mas não estou aqui para bancar a cega. Tem muito ‘senão’ nesta estória. Não gosto do crescente número de gente mal educada que precisa estar bêbada para se divertir (e ainda se orgulha de alardear que bebeu desde as 9 da manhã), que joga lixo no chão e que urina nas ruas. Não gosto de gente forçando beijo em uma tosca imitação ao costume banal típico de micaretas. Não gosto de ouvir funk atravessando a batida do samba enquanto ritmistas descansam. Não gosto do excesso de ambulantes atravancando a minha evolução. Detesto aquela espuma nojenta que insistem em vender no carnaval
Durante todo o carnaval, muito se falou que a prefeitura não ‘controlou’ o carnaval de rua. Na minha opinião nunca vai conseguir. Os grandes problemas são originados pela falta de educação dos pseudofoliões e a prefeitura não tem efetivo para re-educar gente mimada e sem noção. Um sujeito de 23 anos declarou ao O Globo (edição de ontem) ter tomado 32 latas de cerveja apenas durante a manha da segunda-feira de carnaval. Esse energúmeno vai se preocupar em procurar um banheiro químico? Claro que não. Ele precisava mesmo tomar 32 latas de cerveja em 4 horas para brincar uma manhã de carnaval? Claro que não (duvido que ele goste mais de cerveja do que eu)! Mas esse é o perfil de moças e rapazes que se multiplica a cada carnaval e que faz com que a cidade pareça um banheiro público de quinta categoria.
Isso tudo embaça e muito o brilho do carnaval de rua. Eu ainda acho que vale a pena montar sua agendinha e curtir os blocos Rio afora. Esse ano eu presenciei o crescimento da quantidade de famílias inteiras que pulavam juntas. Muitas, muitas crianças. O que eu mais quero é poder continuar a colocar meu bloco na rua com todo orgulho. Mas algumas atitudes precisam partir da própria população. Pra começar listo duas regras que eu mesma sigo em dias de folia:
- bebo menos por vários motivos: por segurança, para precisar ir ao banheiro o menos possível e para não ter sono no meio da tarde e perder a folia da noite.
- não compro bebida de ambulantes que forçam passagem no meio do bloco. Escolho sempre aquele que se posiciona na margem e ali fica sem incomodar ninguém.
Torço que o debate tão demandado sobre esse tema seja levado a sério pela sociedade e pela prefeitura e que soluções aplicáveis sejam encontradas. Pela perenização do bom carnaval de rua para os cariocas de bem.
PS: (1) Vale a pena conferir a ótima análise da Cora aqui. (2) A foto é da fotogaleria do jornal O Dia, publicada em 21/02/09 na sua versão online.
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